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Palácio da Pena
Ao fim de alguns meses de inverno com dias soturnos, quando surgem os primeiros raios de sol que nos prolongam os dias, ergue-se também a vontade de abrir a porta e sair de casa. Não no sentido dramático e definitivo, mas num simples modo de passeio. É impossível não querer aproveitar os novos contornos que a primavera traz às coisas, bem como, o ânimo e energia que inunda as pessoas nestes dias.
Normalmente o primeiro alvo nestes dias é a praia, sem dúvida o mar tem um poder hipnotizante, com capacidade de criar dependência para que vive perto dele.
Apesar disto e por estranho que pareça, o meu rumo foi outro, segui em direção à serra de Sintra, que além de ser um sítio mítico, contempla na minha memória cenários de fundo da minha infância e adolescência, pois era precisamente para onde nós íamos quando irrompiam estes primeiros dias de sol.
Não é fácil escolher qual o trilho a seguir pela serra, mas desta vez optei pelo parque da Pena até chegar ao palácio. Sempre que o visito, saboreio recordações, desenterro da memória imagens de visitas anteriores e ganho logo um sorriso que me ajuda a favorecer a gravidade da serra para deixar os problemas cá em baixo e aproveitar cada momento da visita.
Para enaltecer a grandiosidade do palácio temos que perceber que ele foi construído por mão de um Monarca apaixonado pelas artes e pouco interessado em exercer a regência do seu trono, D.Fernando II. O monarca que viu no antigo e devoluto convento manuelino da Ordem de São Jerónimo a base para uma obra impar baseada numa corrente romântica que se impunha na Alemanha, com inspiração mais concreta nos Castelos à beira do Reno de Stolzenfels e na residência de Babelsberg em Potsdam.
Desta forma e com a ajuda de um génio Alemão, o Barão de Eschwege, que assumiu o papel de arquiteto e paisagista, acabou por construir uma nova ala, a partir do mosteiro remodelado, bem como, todos os percursos serpenteantes com árvores provenientes dos quatro cantos do mundo, que envolveram o palácio no exotismo das suas origens.
É impossível não ceder a este magnetismo da serra que nos suga a cada passo do percurso e que quase nos obriga a entrar no palácio. Neste ponto, iniciamos uma nova odisseia dos sentidos, pelo requinte e glória da alma portuguesa impregnada a cada divisão. Como curiosidade o único ponto em que não encontramos essa grandiosidade é nas camas, que são efetivamente pequenas e não é porque a população da época fosse de menores dimensões, mas sim porque dormiam sentados. Assumiam que deitados só na morte e como tal não precisavam de camas de maiores dimensões.
Para quem vai ao palácio por primeira vez, também deixo a nota de que nas remodelações feitas em 1994 foram repostas as cores originais do palácio, rosa velho para o antigo mosteiro e ocre para o palácio novo.
Uma das grandes vantagem para qualquer LisbonLover, é termos ao nosso lado tanto o mar como a serra, o que torna a nossa cidade num dos mais belos pontos deste “Jardim à beira mar plantado”.
Credito Fotografia @nuno_cardal