What To Do
Oceanário de Lisboa
Quando somos mais pequenos o tempo corre mais devagar. Além do tempo que esbanjamos em brincadeiras, há ainda aquele que nos é roubado pela nossa imaginação, que nesta fase, assume uma posição de comando, guiando-nos com respostas inocentes às dúvidas existenciais características da idade.
Uma das grandes dúvidas que invade as nossas jovens cabeças é:“como é que será ser crescido?” Uns mais do que outros, anseiam por atingir a maioridade como meta para uma nova corrida, mas o que é certo, é que a partir do momento que cruzamos essa meta, o relógio vai acelerando progressivamente os ponteiros e a escassez de tempo obriga-nos a um ritmo frenético. No final, tudo isto acaba por se traduzir na inflação das coisas simples, como o sossego e o luxo de nos permitirmos parar para aproveitar tudo o que nos rodeia.
Por tudo isto, quando somos adultos, muitas vezes gostamos de despertar o saudosismo da infância e recordar como era bom sentir o tempo a escorregar devagar. Acabamos obrigatoriamente por rever todo o nosso percurso e, quando constatamos o desvio que fizemos em relação ao que tinha sido ditado pela nossa imaginação, normalmente acabamos por nos rir, valorizando ainda mais a inocência daqueles dias.
Como “recordar é viver” e as lembranças da infância representam um recanto feliz do nosso subconsciente, há um sítio onde podemos voltar uns anos no tempo e saborear as mesmas sensações que a pequenada: O Oceanário de Lisboa. Aqui a perspectiva muda, somos oficialmente mais pequenos do que muitos dos restantes seres que nos rodeiam. Que bem que nos sabe.... e quase nos apetece ter as mesmas reações exageradas que vemos nos bandos de miúdos que normalmente dominam o local.
A visita é incrível, não só destacando o tanque principal, pela sua grandiosidade e diversidade de espécies, que habitam aqueles modestos cinco milhões de litros de água, mas também pelos recantos mais discretos onde podemos encontrar anfíbios ou invertebrados. Acho que é escusado dizer que no reino das aves, os pinguins ganham no protagonismo, não só pelo exotismo mas por personificarem a caricatura que guardamos deles na nossa imaginação.
Dos mamíferos temos um digno representante, a lontra marinha, que tem a particularidade de ser o único mamífero a depender em exclusivo do seu pelo para manter a temperatura corporal e que por esse mesmo facto, esteve à beira da extinção, pela caça desenfreada do comércio de peles. Olhando para eles acabamos por sentir vergonha por termos deixado este marco humano na história, entre outros que infelizmente se vão observando contra o Reino animal.
Voltando ao tema, além de tudo isto que podemos encontrar na exposição permanente, existe ainda a possibilidade de admirar uma exposição temporária intitulada "Florestas Submersas by Takashi Amano", que apresenta as florestas tropicais através de um deslumbrante aquário. Apesar destas florestas ocuparem menos de 6% da superfície do planeta, ganham importância de destaque pela biodiversidade que em si contemplam, além de serem por enquanto paraísos intocados pelo homem.
No final da visita concluímos que afinal em pequenos, não queríamos ser polícias ou bombeiros, queríamos era ser biólogos marinhos, só que não sabíamos, mas quem sabe se algum daqueles pequenotes que por lá anda não será o próximo Jacques Cousteau.
Afinal de contas, o que pode ser melhor que uma visita ao fundo do mar! Mergulhamos?
Fotografia: Mafalda Frade