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Igreja de Santa Engrácia
Quantas vezes já ouvimos chamar de Panteão Nacional à Igreja de Santa Engrácia? Ora isto não está totalmente correcto pois o Panteão Nacional é um título dado oficialmente a dois edifícios distintos: à Igreja de Santa Engrácia em Lisboa e à igreja do Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra. A título de curiosidade convém esclarecer que o Panteão se destina a homenagear e a perpetuar a memória de cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao País nas variadíssimas áreas de intervenção social ( Humberto Delgado, Eusébio da Silva Ferreira, Amália Rodrigues, Almeida Garrett, Sophia de Mello Breyner Andresen,…, entre tantos outros nomes ilustres da sociedade portuguesa).
Mas, hoje, vou-me centrar neste magnifico exemplar que se situa nesta Lisboa que eu amo, na freguesia de São Vicente, e que é estilisticamente considerado como o primeiro monumento barroco do país – a Igreja de Santa Engrácia.
Não é à toa que o povo quando se quer referir a algo que nunca mais acaba diga “parecem as obras de santa Engrácia” isso deve-se totalmente ao facto desta igreja ter demorado séculos a ser terminada. A primeira pedra do actual edifício foi lançada no século XVI e só foi concluída no seculo XX, tendo chegado a servir de armazém de armamento do exercito e de fábrica de sapatos, imaginem só.
Mas esta igreja está também associada a outra história curiosa que me parece pertinente contar. Segundo consta o jovem Simão, no seculo XVI, foi acusado de roubar o relicário de Santa Engrácia. Este fora denunciado ao tribunal do santo ofício por vizinhos que o viam deambular por ali com muita regularidade. Ora como este nunca quis revelar quais os verdadeiros motivos que o levavam a estar na zona, e apesar de se declarar inocente de tal acusação, foi condenado à fogueira. Porém antes de morrer, e ao passar pela Igreja de Santa Engrácia, lançou-lhe uma maldição, dizendo "É tão certo morrer inocente como as obras nunca mais acabarem!“. Só mais tarde é que o verdadeiro assaltante foi identificado e percebido o motivo pelo qual Simão nada dissera de concreto em sua defesa: estava enamorado de uma jovem fidalga, Violante, freira no Convento de Santa Clara, próximo a Santa Engrácia, e tinham pretendido fugir juntos naquela noite uma vez que o seu relacionamento era proibido pelo pai da moça.
O edifício de arquitectura religiosa, maneirista e barroca, possui planta em cruz grega e é rematada por uma gigantesca cúpula bem visível do Tejo ou da margem norte. É sem dúvida um dos edifícios nobres e ex-libris da cidade e merece uma visita obrigatória.