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O Caminheiro de Sintra
Quantas vezes procuramos programas diferentes para poder juntar um grupo de amigos? Muitas! Tantas que as ideias escasseiam, e acabam por se ir repetindo os programas mais sedentários e confortáveis , como é o caso das belas jantaradas.
Apesar dos bons momentos passados ao redor de uma mesa, hoje fica aqui uma dica diferente, onde numa noite de sábado, deixámos de parte a preguiça e seguimos até à serra de Sintra, munidos de roupa confortável, colete refletor e lanterna. Curiosos?
Acho que Sintra dispensa apresentações, não só pela beleza natural exuberante, mas também pelo eco histórico que a rodeia, mas o que a maioria das pessoas desconhece é que a circundar tudo isto, existe uma aura de misticismo que enaltece os encantos da nossa bela Serra.
Para conseguirmos ver a serra sob esta nova perspectiva, fomos ao encontro do “Caminheiro de Sintra” que tem na sua base um verdadeiro apaixonado deste local em toda a sua essência e que resolveu partilhar o seu conhecimento com pequenos grupos em trilhos noturnos, de forma a nos aproximar do contexto das histórias, ou mais concretamente dos mitos.
A hora de partida estava marcada às 21.30 com previsão de um percurso de duas horas. Para aqueles que têm um relacionamento complicado com o ócio, fiquem descansados que os percursos não são atribulados e têm muitas paragens estratégicas, onde se vão desvendando os segredos do trilho escolhido.
No nosso caso, a história começa pelo palácio da Vila em tempos de D. João III, onde a monarquia no inicio da época quente se deslocava do ambiente sujo de Lisboa, para o ar fresco e ameno de Sintra. Como era hábito da monarquia, nesta altura o Rei partia para caçadas na então conhecida como Quinta da Penha Verde. Se forem como eu, não saberão de que quinta se tratava, mas era um bom destino de caça pela sua extensão. Aqui fica uma das curiosidades , porque é preciso contextualizar o tamanho à época, uma vez que, este belo espaço, estendia-se de Seteais aos Capuchos, extrapolando um pouco aquilo que hoje entendemos como uma “quinta de grande dimensão”.
Durante a caçada, de acordo com a lenda, o Rei, levado pelo cansaço encontra um espaço para descansar, mais concretamente uma gruta, onde foi invadido por um sonho de tal ordem intenso que o levou a querer perpetuar aquele espaço com a construção de um espaço religioso, que hoje conhecemos como Convento dos Capuchos.
Neste convento, de origem franciscana, teve residência uma das principais figuras de tantas outras histórias que fomos ouvindo e de muitas mais, que infelizmente já não houve tempo para descobrir mas que serviram para despertar a curiosidade sobre o famoso frei Honório.
Houve ainda tempo para ouvir outras crenças e segredos guardados entre o Castelo dos Mouros e o Palácio da Pena.
Seria impossível fazer uma descrição fiel de tudo o que vi e ouvi, mas a verdade é que no final do percurso percebi que afinal sabia muito pouco de um sítio de que tanto gosto. Para quem tiver interesse, “O Caminheiro de Sintra” tem um site com os diferentes percursos e temáticas, bem como, todo o conteúdo necessário para satisfazer a curiosidade que se vai instalando.
Sonhamos tantas vezes em conhecer sítios paradisíacos, porque não usufruir deste pequeno oásis que temos aqui tão perto.