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Basílica da Estrela
O bairro da Estrela estende-se por uma das colinas de Lisboa, proporcionando bonitas vistas sobre o rio e uma grande proximidade ao coração da cidade. Sendo principalmente um bairro residencial, a Estrela tem como um dos pontos de encontro dos seus moradores o jardim. Especialmente aos fins de semana, aí fazem-se picnics, assiste-se a concertos ou passeia-se pelas feiras temáticas.
Outro ponto de encontro de parte dos habitantes é a Basílica da Estrela, particularmente ao Domingo onde se deslocam para assistir à Missa.
A Basílica da Estrela é resultado de uma promessa da Rainha D. Maria I, a primeira rainha-regente portuguesa (já que em Portugal nunca existiu a lei sálica, que afastava as mulheres do governo). Casada com seu tio, 17 anos mais velho, D. Maria I prometeu a Deus construir a Basílica dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, caso fosse agraciada com o nascimento de um filho varão para suceder-lhe ao trono.
O desejo “foi concedido” e, em 1761 nasceu o príncipe José. Como o devido é prometido, ergueu-se no alto da cidade, este maravilhoso exemplo do Barroco tardio já com influências Neoclássicas.
A escadaria, os portões de ferro, as estátuas e a cúpula fazem-nos erguer bem a cabeça para observar cada detalhe desta fachada reluzente e branca.
Ao entrarmos, o espanto mantém-se. De nave única e forma de cruz latina, toda ela é profusamente decorada: a talha, as esculturas, as pinturas e o mármore nos mais variados tons apelam ao nosso olhar a cada segundo.
Ao aproximarmos-nos do altar principal, um túmulo chama a nossa atenção: o da Rainha., a única regente da Dinastia de Bragança que não se encontra no Mosteiro de São Vicente de Fora.
Mas a beleza deste local não fica por aqui. Sabia que a Basílica tem um terraço? Provavelmente um dos miradouros menos falados da cidade.
O outro ponto alto da visita é o Presépio feito pelo escultor português Machado de Castro. São cerca de 500 figuras em terracota que nos fazem viajar no tempo.
Durante o séc. XVIII alguns artistas portugueses desenvolveram de um modo muito especial, a arte do Presépio. Com um intuito moral e educativo, o presépio tornou-se (muito mais do que a simples representação do Menino Jesus deitado nas palhinhas e rodeado pelos seus pais) na representação de uma verdadeira aldeia portuguesa. A família sagrada era o centro, mas em torno representava-se a vivência diária de uma aldeia portuguesa, um verdadeiro testemunho etnográfico da vida no séc. XVIII! Neste presépio observamos os mais ínfimos pormenores, das profissões, ao vestuário, ao calçado, à decoração de cada casinha.
Por tudo isto, a Basílica merece ser visitada, mesmo que signifique subir a íngreme colina a pé!
Quanto à Rainha D. Maria, foi sob o seu reinado que se realizaram explorações científicas e trabalhos geodésicos em todo o país. Foi também esta mulher quem afastou o Marquês de Pombal do poder. D. Maria era extremamente devota a Deus e deu grande apoio à Igreja. Após a morte do seu marido, ficou muito perturbada e mais ainda, quando pouco tempo depois faleceu o seu primogénito, a razão da construção deste monumento. Estes acontecimentos abalaram-na tremendamente e a partir desse momento ficou doente, o seu pensamento deixou de ser lúcido e muitas são as histórias sobre atos loucos executados por ela. É o seu filho João, futuro D. João VI, que sobe ao poder e que a leva para o Brasil aquando das invasões de Napoleão.
D. Maria não queria ir, mas foi obrigada, e lá viveu até à sua morte. No Brasil apelidavam-na “a Louca”, por cá ficou conhecida como “a Piedosa”.