Outono em Lisboa

Espero por aqueles dias de Outono em que as folhas chovem do céu. 

O vermelho e o amarelo assentam especialmente bem a Lisboa. 

A cidade é feita de mais que prédios e azulejos, pessoas e calçadas, cafés com candeeiros e cadeiras giras onde se serve gins, hambúrgueres e cervejas artesanais por homens de barba. É mais do que passeios à beira do rio e lojas antigas ou novas que se fazem parecer antigas. 

Lisboa é feita também do cheiro das castanhas a assar em cada esquina. Das gotas de um centímetro de espessura que caem das goteiras mesmo no centro da nossa cabeça. Dos dias em que o tempo dá autorização para chocolate quente e tarte de framboesa e amêndoa do Ka?ehaus. Da luz branca, brilhante, molhada! 

Nos dias de Outono, Lisboa pertence àquele momento em que se entra no café para ?car a vê-la de dentro para fora. Há dias em que só apetece ser assim, ?car dentro. Ir buscar pão e vir para dentro. Ir ao mercado e vir para dentro. Ir beber um chocolate quente e vir para dentro. Ir ao cinema e voltar para dentro. E ?car. De copo-do-que-nos-aprouver na mão e chinelos nos pés. A garantia de que Lisboa está lá fora já é su?ciente por hoje.